As atividades de construção e reparo de navios são tradicionalmente perigosas, com índices de acidentes superiores aos registrados na indústria em geral. A situação se agrava com a falta de investimentos na melhoria das condições de trabalho, como é o caso dos estaleiros brasileiros.
De acordo com Maria de Fátima Moreira, doutora em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz, os trabalhadores que realizam tarefas de jateamento, tratamento de superfície, solda e pintura das embarcações estão expostos a substâncias químicas tóxicas, como os metais, na forma de poeiras, partículas e vapores. Alguns são carcinogênicos, como o cádmio e o cromo. “Como muitas dessas atividades são realizadas em ambientes confinados, sem sistemas adequados de ventilação e exaustão, dependendo do tipo de metal, o risco toxicológico é elevado”, explica a especialista que avaliou a exposição a metais em trabalhadores de um grande estaleiro do Rio de Janeiro.
Em entrevista ao podcast Podprevenir, Fátima lembra que as empresas pouco fazem para melhorar esses ambientes e as condições de trabalho. No estaleiro observado, por exemplo, boa parte das máscaras utilizadas pelos trabalhadores era inadequada ou em estado precário. Muitos nem faziam uso do equipamento.
Os sintomas relacionados à exposição vão desde visão embaçada, enfraquecimento de unhas e cabelo, até problemas cardiorrespiratórios que podem causar a morte do trabalhador, além do risco de desenvolvimento de doenças crônicas e irreversíveis.
Para ouvir a entrevista completa acesse aqui.
(Fonte: Podeprevenir)